Relatório de
Campo – Tríplice Fronteira
Grupo:
Daniela Denardi, Luis Guilherme Crusiol e Tatiana Aparecida de Freitas
Quadra: 08
Relatório referente ao trabalho de campo para a Tríplice Fronteira
(Brasil, Paraguai e Argentina), realizado nos dias 07,08 e 09 de junho de
2013.O trabalho realizado na disciplina de Geografia do Brasil (6GEO073) teve
por objetivo observar as diversas relações desenvolvidas entre as três cidades:
Foz do Iguaçu, Ciudad del Este e Puerto Iguazú.
Saída de Londrina:
dia 07/06 às 6h15 – Avenida Leste-Oeste ao lado do Museu Histórico Padre Carlos
Weiss.
Quilometragem saída: 180.786
Quilometragem saída: 180.786
Retorno a Londrina:
09/06 às 23h15
Quilometragem retorno: 182.128
Quilometragem retorno: 182.128
INTRODUÇÃO
Conhecida como tríplice
fronteira, as cidades de Puerto Iguazú, Ciudad del Este e Foz do Iguaçu estão
separadas pelos rios Iguaçu – limite entre Argentina e Brasil – e rio Paraná –
limite entre Brasil e Paraguai; e Argentina e Paraguai. Nesta região existe uma
complexidade entre essas cidades que não podem ser explicadas individualmente,
dentro de cada uma delas.
Desse modo, não é
conveniente compreender o território apenas como extensão de posse do estado, a
qual este nomeia politicamente. O território não é categoria de análise.
Somente o uso dado ao território, ao longo de diversos períodos, fazendo com
que este assuma diferentes funções, devido às diferentes relações existentes
entre entres os fatores nele contidos é que possibilitarão uma análise racional
(Santos e Silveira, 2006).
Ainda de acordo com
Santos e Silveira (2006) o uso que é dado ao território configura-se como o
próprio espaço geográfico, sendo este uma ampla categoria de análise. Neste
sentido, ao analisar o espaço geográfico da tríplice fronteira é preciso
analisar o histórico da região, fazendo periodizações, e analisar de que forma
a configuração natural, a infraestrutura implementada, os povos que ali
habitam, e a conexão quase que simultânea com o meio global contribui para a
caracterização da tríplice fronteira.
O território brasileiro
na tríplice fronteira ficou por muitos anos ‘esquecido’ pelas autoridades
brasileiras. Isso porque os caudalosos rio Paraná e Iguaçu constituíam-se em
sólidas fronteiras. Contudo, em meados do século XIX a argentina possuía na
região infraestrutura, ainda que precária, que permitia a navegação e a
exploração de erva-mate. Devido a estes fatores, a fronteira entre Argentina e
Brasil tornou-se vulnerável, fazendo com que muitas pessoas oriundas daquele
país se estabelecessem em solo brasileiro, usufruíssem da extração de erva-mate
e a contrabandeasse para o país vizinho (Wachowicz, 2010).
Visto a exposição da
fronteira brasileira, o governo decretou, em 1888, a construção de uma colônia
militar na fronteira guarani. O estabelecimento dessa colônia militar enfrentou
inúmeras dificuldades, como o grande número de paraguaios e argentinos vivendo
na região frente ao número de brasileiros, a dependência da infraestrutura
argentina para o vestuário e comércio de alimentos e bebidas. Somado a isso,
tem-se o fato de que pessoas que receberam terras do governo brasileiro no
período da criação da colônia militar não se estabeleceram. Além disso, o
centro urbano brasileiro mais próximo era Guarapuava o que dificultava as
atividades brasileiras em união com a colônia militar. Neste período a exploração
de erva-mate era continuada, sendo feita por brasileiros e argentinos
(Wachowicz, 2010).
No início de século XX,
década de 30, a exploração de erva-mate em terras brasileiras entrou em
declínio devido à auto-suficiência que a Argentina obterá na exploração desta
erva. Assim, iniciou-se na fronteira guarani a exploração de madeira. Devido à
falta de infraestrutura, no território brasileiro,que desse suporte às
atividades desenvolvidas na região, as toras de madeira eram, em grande parte,
escoadas via Argentina. A falta de vínculos com o território brasileiro era
tamanha que o idioma de maior presença era o espanhol e a moeda utilizada nas
atividades econômicas e financeiras era o peso argentino. Até mesmo quando se
referia ao dinheiro do governo, esse precisa ser trocado pela moeda brasileira
em casas de câmbio argentinas. Era preciso nacionalizar a fronteira (Wachowicz,
2010).
Neste período Getúlio
Vargas estava no poder, e tendo em vista a localização estratégica da fronteira
guarani e o excedente de mão de obra no Estado do Rio Grande do Sul, Vargas,
que era gaúcho, traçou um plano de povoamento da região por sul rio-grandenses.
Desse modo, a região começava e ter um crescimento mais acelerado. Destaque
para o mercado imobiliário, sobretudo nos novos loteamentos que foram
implementados. Vargas buscando minimizar a influência paranaense nas novas
áreas que estavam sendo incorporadas pelo capital gaúcho, criou em 1943 o
Território Federal do Iguaçu, o qual foi extinto com o fim da Era Vargas, em 1945,
retornando ao poder do Estado do Paraná (Wachowicz, 2010).
Na década de 50,
buscando dar maior integração nacional à fronteira guarani e minimizar a
influência geopolítica argentina na região, o governo brasileiro implementou
importantes obras, tais como a Ponte Internacional da Amizade e a BR-277,
ligando a cidade de Assunción ao litoral paranaense, passando por Foz do
Iguaçu. A partir desta época a cidade de Foz do Iguaçu passou a apresentar
maior crescimento econômico e populacional. A cidade estava começando a se
consolidar como importante polo turístico, fosse pelas belezas naturais, fosse
pelo polo de compras em Ciudad del Este (Roseira, 2006).
Na década de 70,
atendendo às necessidades elétricas geradas pelo milagre econômico brasileiro,
deu-se início à construção da Itaipu Binacional, no rio Paraná. Esta obra
representou maior integração nacional, expansão das linhas de comunicação,
sendo um dos pontos mais fortes de integração regional (Roseira, 2006).
Havia então a
necessidade de mão-de-obra para trabalhar nesta importante e gigantesca obra.
Assim, milhares de trabalhadores foram atraídos para a cidade de Foz do Iguaçu.
Com essa massa populacional chegando à cidade, houve a necessidade de criação
de serviços especializados para atendê-la. Somado a isso a atividade agrícola
na região apresentava franco desenvolvimento, contribuindo para a consolidação
da cidade de Foz do Iguaçu (Roseira, 2006).
Em fase mais recente a
cidade de Foz do Iguaçu caracteriza-se como polo turístico mundial. As
Cataratas do Iguaçu, a Hidrelétrica de Itaipu, a cidade de Puerto Iguazú, na
Argentina, e Ciudad del Este, no Paraguai, que teve seu grande crescimento em
função da zona franca de comércio com ampla atração de árabes para compor este
setor, atraem milhares de turistas todos os anos.
Hoje, a tríplice
fronteira está completamente conectada ao mercado global. As demandas de
consumos vêm de turistas de diferentes partes do mundo, e o fornecimento de
produtos tem origem em diferentes polos industriais mundo a fora. A cidade de
Foz do Iguaçu, por ser a mais importante da região da tríplice fronteira conta
com importante infraestrutura na área médico-hospitalar, de comércio e de
serviços.
PARQUE
NACIONAL DO IGUAÇU – FOZ DO IGUAÇU
Saímos de Londrina dia
07/06 e partimos para Foz do Iguaçu, onde a primeira atividade do campo seria a
visita ao Parque Nacional do Iguaçu, como parte das disciplinas de Recursos
Naturais e Educação Ambiental (6GEO075) e Geografia do Brasil (6GEO073).
Chegando ao Parque fomos comprar nossas entradas, que por sermos alunos e
estarmos com visita programada pagamos somente o valor do transporte, que foi
de R$7,50. Ficamos esperando no centro de visitantes para pegarmos um dos
ônibus do parque que leva as atrações. No centro observamos vários cartazes e fotos
falando sobre o lixo no rio Iguaçu e o trabalho que eles desenvolvem todo ano
para efetuar a coleta e limpeza das águas (Imagem 1).
A estrutura do parque é
bem organizada e demos sorte de pegar um dia de clima agradável e com pouco
movimentado. O ônibus vai avisando das paradas e dando instruções aos
visitantes, em português e inglês. Durante o passeio cruzamos com turistas de
diversas nacionalidades, o que reforça a importância turística que o parque
representa para essa região e para o país.
O Parque é dirigido pelo
Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que é o órgão
federal responsável pela gestão das Unidades de Conservação do Brasil. Foi
criado em 1939 e abriga o maior remanescente de floresta Atlântica da região
sul. O parque serve de refúgio para inúmeras espécies animais e vegetais
brasileira, sendo algumas ameaçadas de extinção, além de importantes espécies
de interesse científico. O parque, contando com os lados brasileiro e
argentino, somam mais de 600 mil hectares de áreas protegidas e 400 mil de
florestas nativas.
O parque desenvolve vários programas para tentam
minimizar os impactos ao meio ambiente. O sistema de transporte que nós
utilizamos para locomoção dentro do local é uma dessas iniciativas, que visa
reduzir o número de veículos particulares, reduzindo a queima de combustível,
os ruídos e possíveis atropelamentos de animais (Imagem 3). O parque busca
também promover a integração da comunidade, que começa com a geração de
empregos que beneficiam os moradores de Foz do Iguaçu e de cidades vizinhas.
Além da redução dos valores da entrada para os moradores da região, com o
objetivo de incentivar e facilitar o acesso da comunidade.
Conhecer as Cataratas
foi uma experiência única e ficamos impressionados com sua grandiosidade e
beleza, com certeza faz jus ao estar entre as 7 Maravilhas do Mundo.
Imagem
1– Escultura feita
com lixo retirado do rio Iguaçu. A obra se encontrava no centro de visitantes
onde era possível ver também uma exposição de fotos e cartazes falando do
problema do lixo no rio e do programa de limpeza realizado anualmente. Fonte:
Daniela Denardi
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Imagem 2– Cartazes informativos espelhados pelo parque. Fonte: Edcesar Sobral |
Imagem
3– Os ônibus do
parque que levam às atrações são pintados com diferentes animais da fauna
local. Fonte: Márcia Siqueira
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Imagem
4 – Quati revirando o
lixo atrás de alimento. Animal, que apesar de selvagem, já é habituado à
presença humana. Fonte: Daniela Denardi
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Imagem 5– Cataratas do Iguaçu, tirada de um dos mirantes do parque. Fonte: Daniela Denardi |
PARAGUAI
Em nosso segundo dia de
campo, saímos do hotel às 7h30min e fomos conhecer a Usina Binacional de Itaipu
que fazia parte da programação da disciplina de Recursos Naturais e Educação
Ambiental, a visita foi muito rápida, mas nos possibilitou ver a estrutura de
uma das usinas hidrelétricas mais importantes do mundo. As 9h30min saímos de
Itaipu e partimos em direção a fronteira com o Paraguai, para começarmos nossos
trabalhos referentes à disciplina de Geografia do Brasil.
Quanto mais o ônibus se
aproximava da fronteira era possível perceber um aumento no fluxo de veículos,
principalmente de vans e motos. Como já estava determinado no programa, o
ônibus nos deixaria nas proximidades da Ponte da Amizade e nos buscaria no
mesmo local no horário previamente determinado. Descemos do ônibus e fomos
caminhando, a travessia da ponte é rápida e o fluxo de pessoas e veículos é
grande e constante.
A Ponte da Amizade foi
construída entre nas décadas de 1950 e 1960 no governo de Castelo Branco, no
Brasil e Alfredo Stroessner, no Paraguai. A ponte, que passa sobre rio Paraná,
liga as cidades de Foz do Iguaçu e Ciudad del Este e teve grande importância
para o desenvolvimento das áreas comerciais tanto do lado brasileiro, quanto
paraguaio.
Apesar de ter sido
tranquila a travessia da ponte, suas condições são precárias, possuindo uma via
única de duas mãos e uma estreita passarela de pedestres, com um muro baixo e
sem grades de segurança nas laterais. Assim como a ponte, atravessar a
fronteira também foi tranquilo, não vimos nenhum tipo de fiscalização e
entramos no Paraguai sem precisar se registrar ou enfrentar qualquer tipo de
burocracia.
Ao entrar na Ciudad del
Este a sensação que se tem é de completo caos. Para todos os lados que se olha
estão presentes cartazes de propagandas em outdoors, muros, postes, carros,
além das pessoas que nos abordam a cada passo entregando panfletos de lojas. O
transito, como todo o restante, é caótico e a impressão que temos é de que não
há regras. Apesar da presença de guardas de transito os motoristas não utilizam
setas, as preferenciais não são respeitadas e os pedestres não têm vez, tudo
isso combinado à ausência de semáforos e faixas de pedestres. A nossa sorte é
que o transito flui muito lentamente, o que facilita a travessia das ruas.
A programação do
trabalho de campo no lado paraguaio consistia em duas partes: a visita ao Museu
Guarani em Hernandarias e a observação das quadras no centro da Ciudad del
Este, previamente distribuídas aos grupos. Para chegarmos ao museu tínhamos a
opção de pegar um ônibus, porém com toda a confusão de veículos e pessoas optamos
por fazer o trajeto de van.
Enquanto esperávamos a
chegada das vans que o professor Hirata havia arrumado éramos abordados a todo
instante por mototaxistas, vanseiros e pessoas oferecendo os mais variados
produtos, desde meias até armas, drogas e mulheres. A van que pegamos estava
bem precária, mas como o que importa para um veículo no Paraguai é andar,
entramos no clima e não nos preocupamos. Como estávamos apertados e as janelas
tinham adesivos colados, não foi possível observar muito a paisagem do trajeto,
mas a impressão que tivemos foi de pobreza e precariedade.
MUSEO
DE LA TIERRA GUARANÍ - HERNANDARIAS
O Museo de la tierra
Guarani fica localizado no município de Hernandarias, a 10 km de Ciudad del
Este. O local é um espaço público e faz parte da Usina Binacional de Itaipu no
lado paraguaio e conta ainda com um zoológico.
Chegando ao museu, fomos primeiro ao zoológico, que também funciona como
um centro de reprodução.
O local conta com uma
grande variedade de animais, principalmente felinos e aves, porém achei a
estrutura do local precária. As jaulas eram pequenas, os grandes felinos
ficavam em jaulas que não permitiam correr e saltar, as cobras ficavam em
caixas de vidro minúsculas e as aves de grande porte em jaulas muito baixas,
sem contar que muitas das jaulas estavam em locais que não recebiam luz solar e
muitos animais visivelmente estressados (Imagens 6 e 7). Todas as jaulas tinham
placas onde estava escrito o nome do animal em espanhol e Guarani.
Depois de visitar ao
zoológico fomos para o Museu, onde ficamos livres para circular pelo espaço sem
o acompanhamento de guias. O espaço físico do museu é bem organizado, com uma
aparecia moderna, com painéis coloridos e bem iluminados, sala de vídeos
informativos, utensílios arqueológicos e animais taxidermizados que habitam a
região (Imagem 10). As informações estão dispostas em espanhol, inglês e
português como é possível ver na imagem 9.
O museu apresenta a
exposição “200 años de pueblos milenários” que percorre a história do Paraguai
e dos povos que o habitaram. O museu faz um resgate da história dos povos
indígenas que habitaram essa região, destacando sua importância na configuração
atual desse território que ainda carrega traços culturais desses povos, como o
idioma Guarani, ainda muito falado no país.
Imagem
6– Jaulas pequenas
que abrigavam os grandes felinos. Fonte: Márcia Siqueira.
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Imagem
7– Cágados e jacarés,
também em espaços pequenos e com poucos pontos com incidência de luz solar,
necessária a esses animais. Fonte: Daniela Denardi
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Imagem 8– Prédio do museu da terra Guarani. Fonte: Daniela Denardi |
Imagem
9– Painéis
apresentando informações em três idiomas: espanhol, português e inglês. Fonte: Márcia
Siqueira
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Imagem
10– Utensílios
utilizados em rituais e atividades cotidianas pelas tribos Guaranis. Fonte:
Daniela Denardi
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OBSERVAÇÃO
DAS QUADRAS – CIUDAD DEL ESTE
Uma das atividades do
trabalho de campo era a analise de 10 quadras do centro da cidade, sendo que a
turma foi dividida em grupos e cada grupo ficou responsável por uma dessas
quadras. Na imagem 11 é possível
observar a disposição das quadras a serem analisadas. O nosso grupo ficou
responsável pela quadra 08, que é possível ver destacada tanto na imagem 11,
quanto na 12.
Imagem 11– quadras e serem analisadas em Ciudad del Este, com destaque para a quadra 08. Fonte: Google Maps, adaptado por Márcia Siqueira |
Imagem
12– Imagem de
satélite com a localização da quadra 08. Fonte: Google Earth, adaptado por Daniela Denardi
|
Nossa quadra era
composta pela Calle Boqueron, Avenida Adrian Jara, Avenida Carlos Antonio López
e Avenida Monseñor Rodriguez e para chegarmos a ela atravessamos uma passarela
de pedestres que passa sobre a rodovia e liga duas avenidas importantes da
cidade. Nas duas pontas da passarela é possível observar uma paisagem um pouco
diferente do restante, uma área mais limpa, cuidada, com uma presença maior de árvores e lixeiras, dando a impressão de uma praça publica comum em meio aquele
caos.
Imagem
13– Foto tirada da
passarela que liga as avenidas San Blás e Monseñor Rodriguez. Fonte: Daniela
Denardi
|
As características da
quadra 08 não diferem muito do que observamos em outros pontos da cidade e as
ruas que a compunham apresentavam características bem similares. Com exceção da Calle Boqueron que não era
muito movimentada e onde não vimos a presença de vendedores de rua, as outras
ruas se caracterizavam justamente pelo contrario. No geral, a quadra apresentava um fluxo
intenso (imagem 14), tanto de pessoas e veículos, como de vendedores ambulantes
presentes em toda a extensão das ruas e nos canteiros centrais das avenidas. As
calçadas são irregulares e em muitos pontos estão quebradas o que dificulta
ainda mais a locomoção, como é possível ver na imagem 15.
Essa região apresentava
um solo bastante impermeabilizado, com poucas árvores e sem a presença de
bueiros, necessários para o escoamento das águas. As ruas tinham hidrômetros
indicando a distribuição de água tratada, porém o tratamento de esgoto é falho,
se não inexistente. Além do esgoto correndo no meio fio, as ruas eram cheias de
lixo e quase não se viam lixeiras pública (Imagem 16). Todas as ruas tinham
‘gatos’ na fiação, mas essa é uma característica presente em toda a cidade
(Imagem 17 e 18).
O comercio era bastante variado, com muitas galerias e
shopping, além de condomínios residenciais que se misturavam as lojas (Imagem
18). Vários prédios tinham letreiros orientais e observamos lojas de produtos
libaneses indicando a forte presença de imigrantes, principalmente de origem
árabe, que vieram para essa região atraídos pela infraestrutura e pelo comercio
que já se desenvolvia, impulsionados pela construção da Usina Binacional de
Itaipu e da Ponte da Amizade. Segundo Rabossi (2004, p. 290) “A presença árabe,
tal como a de outros imigrantes na fronteira entre Brasil, Paraguai e
Argentina, só é compreensível à luz da dinâmica comercial da região.”
Observamos também alguns
prédios em construção, o que reforça ainda mais a característica de
verticalização do centro da cidade (Imagem 20). O comercio de rua era composto
por diversos produtos como roupas, bolsas, calçados, óculos de sol, relógios,
produtos típicos, frutas, ervas, entre outros. Os preços dos produtos estão em
sua maioria em dólar, porém é possível comprar tanto em real quanto em
guarani.
A loja com maior
destaque na nossa quadra era a Monalisa, que é um shopping vertical
especializado em produtos importados de marcas renomadas (Imagem 21). Ao
entrarmos na loja já percebemos que é um ambiente diferenciado do restante das
lojas do entorno. Por se tratar de produtos originais, os preços são mais
altos, mas mesmo assim são menores do que os encontrados no Brasil, é um local
para quem procura grandes marcas internacionais. A loja é muito organizada e
tem uma grande quantidade de seguranças, além do bom atendimento. Em um dos
andares, especializado em alimentação, tinha um pianista tocando para as
pessoas que estavam sentadas no restaurante, o que torna o lugar ainda mais
contrastante com o caos do entorno.
Completada a quadra
resolvemos ir procurar um local para almoçar e como já haviam nos dito que não
era muito recomendado comer em qualquer lugar da cidade optamos pelo burger
king. Enquanto comíamos, muitas crianças tentavam vender meias e aproveitavam
para pegar o que sobrava de comida nas mesas, é uma imagem muito triste e que
se repete por toda a cidade, onde é comum ver crianças tendo que trabalhar e
sendo privadas de sua infância.
Imagem
14– Fluxo intenso de
pedestres e veículos ao longo das ruas da quadra 08. Fonte: Jaqueline Vaz
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Imagem
15– Calçadas
irregulares e quebradas. Fonte: Débora Manhi.
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Imagem
16– Uma das poucas
lixeiras que encontramos (esquina da Av. Monseñor Rodriguez com a Calle B|oqueron).
Fonte: Débora Manhi
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Imagem
17– Emaranhado de
fios, evidenciando a grande quantidade de “gatos” presentes na fiação elétrica.
Fonte: Daniela Denardi
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Imagem
18– Edifícios
residenciais no centro comercial e a presença de “gatos” na fiação. Fonte:
Débora Manhi
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Imagem
19– Edifícios com
nomes de origem oriental, indicando a forte presença de imigrantes na cidade.
Fonte: Jaqueline Vaz
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Imagem
20– Prédios em
construção, reforçando a tendência a verticalização do centro comercial da
cidade. Fonte: Jaqueline Vaz
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Imagem 21– Shopping Monalisa, especializado em produtos importados de marcas renomadas. Fonte: http://diariodemochileiro.com |
PUERTO
IGUAZÚ – ARGENTINA
Puerto Iguazú assim como
Ciudad del Este faz fronteira com Foz do Iguaçu, a cidade se liga a Foz do
Iguaçu através da Ponte Tancredo Neves, também chamada de Ponte da
Fraternidade, que passa sobre o Rio Iguaçu. A visita a esta cidade na Argentina
fez parte do terceiro dia de campo, que ocorreu no dia 09 de junho, partindo às
8h00 do hotel. O principal a ser observado são as diferenças existentes entre
Puerto Iguazú e Ciudad del Este, que mesmo sendo duas cidades de fronteiras
possuem dinâmicas e papeis bem diferentes.
Seguindo para a
Argentina mudanças são notadas a partir da chegada a aduana, que diferente do
Paraguai é necessário se registrar para dar entrada no país, dois alunos que
não estavam portando documento de identidade e estavam com a carteira de
motorista vencida não puderam entrar no país, após isso pegamos um táxi, que
custou R$ 15,00, para ir até a feirinha.
Do Percurso feito da
Aduana até a cidade, principalmente na região onde fica a feira, é possível ver
um local totalmente diferente do presenciado em Ciudad del Este. Ao seguir o
percurso nota-se uma cidade bem limpa, com casas bem estruturadas e ruas
largas, é possível também notar a mudança na dinâmica da cidade, que por ser
uma destinada ao turismo (Imagens 22 e 23). O centro possui várias lojas que
vendem produtos nacionais, como artesanato, lojas de roupas, principalmente couro,
há também muitos bares, boates, restaurantes destinados aos turistas quem
passam por ela (Imagem 24).
A feirinha é uma atração
à parte, ela oferece uma grande variedade de produtos típicos argentinos, como
vinhos, doces, conservas, queijos, entre outros, nota-se que são produtos de
grande qualidade e a preços bem acessíveis, neste ponto é importante lembrar a
desvalorização da moeda Argentina frente ao real (Imagem 25 e 26). A cidade é
estruturada para receber turistas, que em sua maioria visitam as Cataratas, mas
não tem a mesma visibilidade pelos brasileiros que Ciudad del Este. Outro
atrativo da cidade são os cassinos, que não chegamos a conhecer, mas que são
responsáveis por atrair muitos visitantes para o local.
Imagem
22– A cidade é bem
estruturada, tranquila, com boas construções e ruas largas, tendo também uma
grande presença de árvores e áreas verdes. Fonte: Márcia Siqueira
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Imagem
23– Assim como as
ruas, as calçadas também são largas, bem cuidadas e limpas. Fonte: Karitha
Kogima
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Imagem
24– Rua com forte
presença de bares, boates e restaurantes. Fonte: Márcia Siqueira
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Imagem
25– Feirinha de
Puerto Iguazú, uma das atrações turísticas da cidade, especializada em produtos
alimentícios típicos da Argentina. Fonte: Daniela Denardi
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Imagem 26– Alguns dos produtos encontrados nas lojas da feirinha. Fonte: Márcia Siqueira |
DUTY
FREE SHOP – PUERTO IGUAZÚ
O último elemento a ser
observado no trabalho de campo era a Duty Free Shop de Puerto Iguazú,
localizada nas proximidades da aduana. Os produtos vendidos na loja são
importados e de marcas renomadas e por serem isentos de impostos de importação
apresentam preço mais baixo que em outros locais, mas mesmo esses preços tendo
um valor menor que o de mercado, são voltados para um público de melhor poder
aquisitivo. A estrutura da loja, no que diz respeito aos preços e produtos é
bem parecido com a loja Monalisa em Ciudad del Este.
A loja possui um
forte esquema de segurança, não sendo permitido entrar com sacolas, cadernos,
câmeras fotográficas, celulares com câmera, entre outras restrições, mas ela
oferece alternativas, como armários e sacolas com trava de segurança para
colocar os pertences menores. Os produtos variam de bebidas, chocolates,
vestuário, maquiagem, perfumes, brinquedos, entre outros. Por ser destinada
principalmente a turistas, os preços são em dólar, mas o pagamento pode ser
feito em real ou peso argentino.
Imagem
27– Entrada do Duty
Free Shop em Puerto Iguazú. Fonte: http://toqueessencial.blogspot.com.br
|
CONCLUSÃO
Após o estudo da teoria
e a aplicação desta à prática, fica evidenciado o importante papel da região da
tríplice fronteira no cenário nacional brasileiro e nos cenários internacionais
argentino e paraguaio. Uma soma de
fatores possibilitou o uso do território que resulta na forma e função
observadas em campo, como as Cataratas do Iguaçu, impulsionando o turismo
assim, como Ciudad del Este e Puerto Iguazú.
Além disso, a Hidrelétrica Binacional de Itaipu que deu condição de
ampliação do sistema elétrico brasileiro, necessária na época do milagre
econômico, década de 70.
Conclui-se também que as
redes de engenharia, de comunicação e financeira, fazem de Tríplice Fronteira
uma região conectada à diferentes setores econômicos e financeiros do mundo, de
modo que a referida região configura-se como ponto estratégico na geopolítica
dos três países que a compõe.
INTERPRETAÇÕES
PESSOAIS
Daniela
Denardi
Eu, particularmente,
gostei muito do trabalho de campo. Não conhecia nenhum dos locais visitados
que, além do seu lado turístico, foram de grande proveito como parte dos
estudos da disciplina de Geografia do Brasil. Foi possível ver na prática
grande parte do que havíamos estudado até o momento do trabalho, principalmente
os textos específicos para o trabalho de campo, que nos possibilitou fazer uma
analise mais profunda do que observávamos.
Luis
Guilherme Crusiol
Embora não tenha
participado do trabalho de campo, conheço a tríplice fronteira a mais de 15 anos.
Os aspectos abordados na teoria são aplicáveis à realidade da região. Viajo com
certa frequência à cidade de Foz do Iguaçu, quase duas vezes ao ano, e é
inegável o crescimento que tal cidade, juntamente com Puerto Iguazú e Ciudad
del Este, vem apresentando no período que as acompanho. O turismo é crescente,
bem como a infraestrutura da cidade de Foz. O setor de serviços está
acompanhando o crescimento do turismo, e está em franco desenvolvimento. Um
problema recorrente em áreas de fronteira é a violência, que surge com o
tráfico de drogas e armas. Mesmo entre alguns problemas a tríplice fronteira é
um importante polo econômico, turístico e fundamental para a geopolítica e
diplomacia entre os países que a compõe.
Tatiana
Aparecida de Freitas
Com o campo, foi
possível ver como o espaço foi adaptado a realidade que aquela região
necessitava, modificação está que foi mostrada nos textos, que ocorreu de forma
diferente em cada cidade da Tríplice Fronteira, principalmente quando se faz
referencia a Argentina e Paraguai, onde é notável a diferença na estrutura
urbana das duas cidades. Enquanto Ciudad del Este tem um sistema urbano muito
precário sendo esta uma cidade destinada ao comércio, em Puerto Iguazú uma
cidade destinada ao turismo a toda uma estrutura, e uma boa organização urbana,
muito parecida com que se vê em Foz do Iguaçu. Da mesma forma no comercio de
produtos importados no Paraguai e na Duty Free, mesmo ambas vendendo produtos
importados são destinadas a um público diferente, desta forma é importante
colocar que mesmo sendo as três cidades pertencendo a tríplice fronteira
assumem papeis diferentes.
REFERÊNCIAS
DENARDI, Daniela. Caderneta de Campo. 2013.
FREITAS, Tatiana
Aparecida de. Caderneta de Campo.
2013.
SANTOS, Milton;
SILVEIRA, Maria Laura. O Brasil:
Território e Sociedade no Início do século XXI. 9 ed, Record: Rio de Janeiro,
2006.
RABOSSI, Fernando. Árabes e muçulmanos em Foz do Iguaçu e
Ciudad del Este: notas para uma re-interpretação. In: Seyferth, G; Póvoa,
H; Zanini, M.C.; Santos, M.. (Org.). Mundos em Movimento: Ensaios sobre
migrações. Santa Maria: Editora da Universidade Federal de Santa Maria, 2007,
v., p. 287-312.
RABOSSI, Fernando. Dimensões
da espacialização das trocas - a
propósito de mesiteros e sacoleiros em Ciudad del Este. Ideação (Cascavel), Foz
do Iguaçu, v. 6, n.6, p. 151-176, 2004.
RABOSSI, Fernando. Nas Ruas de Ciudad del Este: Vidas e
Vendar num Mercado de Fronteira. Rio de Janeiro. UFRJ. Tese de doutorado em
Antropologia Social. 2004.
ROSEIRA, A. M. Foz do Iguaçu: Cidade rede
sul-americana. 2006. 170 p. Dissertação de mestrado. Universidade de São Paulo
(USP). São Paulo, 2006.
WACHOWICZ, Ruy Christovam. Oeste Paranaense. In:
______. História do Paraná. 2.ed.
Ponta Grossa: Editora UEPG, 2010. p. 275 – 291.
http://www.cataratasdoiguacu.com.br/portal/
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